O Sabor escondido no fundo da xícara

A campainha toca. Eu me aproximo da porta, olho pelo olho mágico e lá está você, parado, esperando. "Um momento", digo, enquanto seguro a respiração por um instante.

Caminho rápido até o quarto, pego o roupão e o visto às pressas antes de abrir a porta. "O que você está fazendo aqui? Quer alguma coisa?", pergunto, tentando disfarçar a surpresa.

"Vim ver se você precisava de ajuda", você responde, com um sorriso suave. "Imagino o que deve estar precisando."

Eu cruzo os braços, hesitante. "Bom, estou me virando sozinhe. Algumas coisas são difíceis, mas a gente se adapta."

Você insiste, com um tom gentil. "Deixe-me te ajudar. É o mínimo que posso fazer pelo carinho que você deu ao meu cachorro hoje."

Eu suspiro, cedendo. "Tudo bem. Mas a casa está uma zona. Entre, só deixa os sapatos na porta. Vou te mostrar a casa."

Apresento os cômodos, os gatos que observam curiosos e, por fim, a bagunça que precisa ser arrumada. Você começa a trabalhar, e eu fico ali, observando, enquanto você organiza as coisas com cuidado.

"Tem mais alguma coisa pra lavar?", você pergunta, interrompendo o silêncio.

Eu me lembro do café. "Ah, o café! Esqueci de terminar de tomar. Está frio, mas vou tomar mesmo assim, só um pouquinho."

Na pressa, derrubo o líquido sobre mim. O café escorre pelo meu corpo, pelas pernas, até os pés, sujando o chão ao redor. "Ai, que merda! Pelo menos não estava quente. Consegue me alcançar um pano? Está no armário embaixo do micro-ondas."

Você pega o pano, se ajoelha e começa a limpar o chão. Mas, em um movimento inesperado, suas mãos param, e sua língua substitui o pano. O toque é suave, quase reverente, e eu sinto um arrepio percorrer minha espinha.

Seu corpo se inclina, e sua língua desliza pelos meus pés, envolvendo cada dedo com os lábios, explorando a sola com uma delicadeza que me faz suspirar. O café já não importa mais. O calor do seu toque substitui o frio do líquido derramado.

Sua língua sobe pelas minhas pernas, devagar, como se quisesse memorizar cada curva. Quando chega à minha calcinha, já encharcada — não de café, mas de desejo —, você a remove com cuidado. Sua boca continua o trabalho, explorando cada centímetro, enquanto eu me apoio no braço do sofá, tentando manter o equilíbrio.

Quanto mais você "limpa", mais eu me perco. Seus dedos se juntam à sua língua, e eu não consigo mais conter os gemidos. Meu corpo estremece, e você não para até que eu esteja completamente entregue, tremendo sob seu toque.

Quando finalmente abro os olhos, vejo seu rosto encharcado, mas não de café. Eu sorrio, ainda ofegante, e sussurro: "Agora é minha vez de te limpar." Minha língua desliza pelos seus lábios, e o ciclo recomeça.